sexta-feira, 16 de março de 2012

Amazônia Perdida - 9º. dia

Teríamos que zarpar bem cedo mas vamos ficar para o almoço. Limpar, temperar e cozinhar. Duas mulheres dividem a tarefa de preparar os macacos. Os homens saíram para trabalhar. Fazem pequenos fretes com aquele caminhão que utilizaram para ir à caçada. Vão chegar por volta de onze e meia da manhã para saciar a fome. Só vou olhar o trabalho das cozinheiras quando os macacos já estão em pedaços na panela.

Felipe e Lucas gravaram todo o processo dantesco.  Abobrinha e banana verde acompanham o prato exótico. Um molho de pimenta com cabeças de formiga saúva vai estimular o apetite. Niegro e Ciliberto devoram a caça. Uma cozinheira e uma criança também comem os macaquinhos. Não tenho coragem. Me lembro dos cuchi cuchi na hora do crime e sinto dó. Para não fazer desfeita, experimento algumas cabeças de formiga e tomo um copo de suco de abacaxi. Agradeço a hospitalidade e anunciamos a partida.


De volta ao rio Orinoco


            Nosso bongo volta para as águas do Orinoco. Já passa das seis da tarde, horário limite para navegação nesta região de fronteira. Aportamos na comunidade Bucui. O piaroa chefe autoriza o rancho. Durante o jantar a bordo uma patrulha da Guarda Nacional Bolivariana nos aborda. Checa os passaportes e avisa para ficarmos atentos porque “há muita gente estranha por aqui”. Ainda bem que os estranhos não somos nós. Ou somos?

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