quarta-feira, 28 de março de 2012

Amazônia Perdida - 20º. dia

Sob chuva, embarcamos no Expresso Taylor Noguchi. Oito e meia da manhã. São previstas 24 horas de viagem até Manaus.

A lancha grande tem dois banheiros, cozinha, lanchonete, dvd e ar condicionado. São servidos café da manhã, almoço e jantar. As poltronas são macias mas os bancos não são reclináveis.

Nossas nádegas, que já estão com hematomas provocados pelos quinze dias a bordo do bongo só terão descanso quando desembarcarmos em São Paulo. Vamos voar amanhã à tarde. Se não houver atraso, vamos passar o Natal com as nossas famílias.

Nossa equipe se despede do bongo após 15 dias a bordo.

É difícil dormir sentado mas o corpo sucumbe. Um cochilo é interrompido quando a lancha para em Santa Isabel do Rio Negro. Alguns passageiros desembarcam e outros embarcam. O expresso é como um ônibus aquático. A tripulação faz o que pode para atender bem, mas o tempo é longo aqui dentro e não é possível dizer que estamos fazendo uma boa viagem. Porém, para quem viajou tanto tempo em um barco indígena, estamos preparados para resistir a qualquer dificuldade.
A lancha viaja a 29 nós, cerca de 45 quilômetros por hora, formando um rastro de onda gigante. O barulho dos dois motores de 350 Hps incomoda. Para entrevistar passageiros tenho que ir à proa onde o ruído é menor. Quem comanda é uma mulher, Elisabete, de 20 anos. Porém, ela só vai assumir o posto quando estivermos chegando em Manaus. Um prático, conhecido como Casquinha, leva a lancha a maior parte do tempo. O caboclo é velho conhecedor do rio Negro, ele pilota de dia e de noite. Navega na escuridão com segurança.


Uma mulher pilota a grande lancha

Enfermeiras voltam para casa depois de dois meses isoladas em comunidades ribeirinhas. Frank,  instrutor de auto-escola retorna a Manaus depois de quatro anos em São Gabriel da Cachoeira. O casal Bira e Rosa tirou dez dias de descanso. Ele é dono de restaurante, o movimento aumenta durante as festas de fim de ano, e o dever o chama.
Doze horas de viagem e o expresso atraca no porto de Barcelos. A cidade está iluminada para o Natal. Há mais desembarque que embarque. Consigo ocupar três bancos. Tem aldulto e criança dormindo no corredor. Na madrugada um temporal interrompe a navegação. Sei disso porque me contaram. Eu dormia encolhido e roncando alto, me contou Frank.

Chegamos em Manaus às 8h55. Vinte e quatro horas e meia de viagem. Vamos pegar um vôo para Cumbica. Estaremos em casa pouco depois das 11 da noite, horário brasileiro de verão. Há tempo para comer o peru da virada.


Feliz Navidad.


Enfim, Manaus. Nossa equipe comemora o final da grande navegação.  Lucas Mello, Felipe Meireles e Gérson de Souza.

Um comentário:

  1. Que bom encontrar o teu blog. para mim, tu és o melhor repórter da televisão brasileira hoje.. parabéns...

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