quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

África Selvagem


TENTATIVAS DE FUGA
Hoje vamos conhecer três personagens, dois humanos, os tratadores Dominic Chinyama e Patrick Chambatu e Zabu, o macho alfa dos chimpanzés. Dominic está com a mão esquerda ferida e inchada e tem cicatrizes no braço direito. 

É comum o tratador vacilar no manejo com os animais e levar mordidas. Por causa da dor dos ferimentos ele estaria de folga, mas gentilmente foi ao trabalho apara atender a nossa reportagem. Ele trabalha há 18 anos no orfanato e diz que não troca de atividade por nada desse mundo porque se apegou aos chimpanzés e ama o que faz. 

Pergunto o que viu de mais interessante em sua rotina e afirma que a inteligência dos primatas é o que mais o surpreende e se recorda de três momentos. Lembra-se de um chimpanzé construindo uma escada com pedaços de madeiras para pular a cerca elétrica, outro cavando para escapar por um buraco sob a cerca e outro outro que lutou com violência para defender um chimpanzé mais fraco de um ataque. Interrompe sua lembrança acrescentando que são muitos os momentos ao longo de 18 anos e que teria que ficar um bom tempo narrando o que viu. 

Quero saber se Dominic já presenciou algum parto. Ele diz que quando vão parir as fêmeas seguem para a mata à noite e que é muito difícil flagrar esse momento, mas que teve a sorte de acompanhar o nascimento de um chimpanzé.

O SORRISO DO TRATADOR
Patrick é o tratador mais antigo do orfanato. Está aqui desde a inauguração em 1983 quando chegou Pal, o primeiro chimpanzé acolhido. O sorriso de Patrick é largo. 

O tempo todo ele revela a grande e branca arcada dentária. É felicidade pura estampada no rosto negro. Para ele não existe momento difícil no trabalho. Golias,  Renata, Regina.... 

À medida que atira comida para os chimpanzés ele pronuncia o nome de cada um e garante que sabe o de todos os 123 do orfanato. Pudera, são 23 anos convivendo com todos eles.

A chimpanzé Rita tem um bebê agarrado a ela o tempo todo. Patrick conta que ela teve gêmeos mas um morreu. Na hora de distribuir alimento ele dá atenção especial a ela e demostra todo o seu carinho. Patrick quer agradar os visitantes brasileiros mas não se dá bem. 

Fala que o Brasil tem o melhor futebol do mundo mas erra ao destacar que o nosso maior craque foi Maradona. Mostro meu descontentamento e corrijo afirmando que foi Pelé. 

Ele reconhece a falha e pede mil desculpas. "Sorry, sorry, Sorry". Assim como é costume dele, também abro um largo sorriso e com um aperto de mão me despeço da pessoa mais simpática que encontramos até agora em Zâmbia.



ZABU RESPEITA MULHER
Innocent Mulenga, o especialista em primatas, está com malária mas, mesmo assim, atende ao nosso pedido de entrevista para a televisão. São informações úteis para depois eu narrar as imagens que Felipe e Ingrid vão gravar. Juntos, observamos o comportamento dos chimpanzés e me impressiona como são parecidos com humanos nos momentos de carinho, violência, solidariedade, egoísmo e hierarquia.

Pará ilustrar o agir do amimais, Innocent conta a história de Zabu, o maior e mais forte chimpanzé do grupo e grande líder. O macho alfa tem 21 anos de idade e pesa 72 quilos. Nenhum chimpanzé ousa desafia-lo. Sua força e capacidade de liderança são incontestáveis para o bando. Zabu protege as fêmeas e os velhos. Se algum jovem tenta comer primeiro, o líder parte para cima aos murros e o guloso sai em disparada e aos gritos.

Innocent diz que antes o líder era Pal mas que Zabu se impôs depois de várias brigas violentas. Pal não era bom para as fêmeas. Além de não defendê-las, como deve agir um cavalheiro, elas ainda eram agredidas por ele. Zabu não gostava do que via, resolveu tomar controle da situação e declarou guerra a Pal que ergueu bandeira branca quando sentiu na carne que não poderia vencer a batalha. Durante o conflito as fêmeas apoiaram Zabu, o bom, e Pal teve que ser deslocado para outro bando.
Zabu, o líder justo, reina absoluto.




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