Despertar às 6 horas da manhã em Lusaka, capital de Zâmbia,
África austral. Eu, o cinegrafista Felipe Meireles e a produtora Ingrid Sachs
vamos voar para Mwanya, região nordeste do país. Serão duas horas a bordo de um
pequeno avião, um Cessna 337 D de quatro lugares. O piloto Edmond avisa que a
viagem poderá demorar um pouco mais porque o voo vai ser contra o vento.
Depois, são mais uma hora e meia de carro para o nosso primeiro safari no South
Luangwa Park, próximo a Mukasanga, onde vive a tribo Pisa. Primeiro vamos ao
Zebra Santuary Plains Camp onde vivem livremente animais selvagens de várias
espécies, como leão, leopardo, hipopótamo, crocodilo, elefante, girafa e
impala. Vai ser um dia longo.
Os animais são livrs no South Luangwa Park.
Para chegar ao acampamento onde vamos dormir três noites
temos que atravessar o rio Luangwa, frequentado por crocodilos, em uma canoa.
Somos recebidos por Malemia Banda e pelo "ranger" Mathews Banda que
nunca se separa do seu rifle calibre 375, arma com poder de fogo para derrubar
um elefante adulto com um só tiro. Logo saímos para um safari a pé. A pé?
Normalmente os safaris são feitos a bordo carros, por questão de segurança. E
estamos em território hostil. Leões, leopardos, hipopótamos e muitos outros
bichos bravos vivem aqui. Esse novo desafio é motivador. E lá vamos nós. A pé!
Primeiro avistamos antílopes aos bandos, babuínos,
crocodilos e perigosos hipopótamos se refrescando do calor de 40 graus no leito
baixo do rio. A presença da nossa equipe deixa os animais estressados. É
preciso ter cuidado para evitar um ataque. Eles têm aparência dócil mas são
perigosos. Parecem lentos mas são velozes. Matews, o atirador, está sempre à
frente para evitar o pior e chegamos o mais próximo possível para captar
imagens.
Zâmbia tem superpopulação de hipopótamos.
Quando o sol se põe é hora de voltar ao acampamento.
Jantamos à luz de velas às margens do rio Luangwa e nos recolhemos para as
nossas barracas. Aliás, que barraca! Lâmpadas acesas por energia solar, privada
com descarga, chuveiro, shampoo, condicionador, sabonete líquido e mosquiteiro
cobrindo a enorme cama de casal. Temos que dormir cedo porque aqui, todos os
dias, o nosso despertar será sempre às 5 horas da manhã. Antes que o sono me
apague, escrevo este texto e em seguida vou ler algumas páginas do livro
"Não há dia fácil", de Mark Owen, militar norte-americano que estava
na equipe que matou Osama Bin Laden.
Amanhã vamos procurar leões. Espero que o nosso
"ranger" não tenha que entrar ação.
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