O corpo do índio é cremado na fogueira
Não podemos gravar o ritual de cremação. Mas posso assistir. A cantoria chorosa prossegue. Quatro índios pintados de vermelho disparam um tiro de escopeta, pegam o corpo envolto em uma rede de dormir e jogam numa fogueira. O corpo vai arder o dia inteiro. Suas cinzas serão guardadas em um pote por duas semanas. Tempo suficiente para a colheita de muita banana. As cinzas do morto serão misturadas ao mingau da fruta e todos vão comer.
Também vai ter carne de caça. Durante a festa funerária os índios estarão pintados de vermelho e vão cantar e dançar a para comemorar a despedida. Para encerrar, eles vão yopiar. Só então a alegria vai voltar à aldeia. O índio morreu no mesmo dia que se comemora a morte de Simon Bolívar, o libertador venerado na Venezuela. E no mesmo dia em que minha filha mais velha, Maíra, completa 32 anos. Ligo para ela duas vezes de um telefone satelital. Ela foi às compras para a festa. Deixo recado.
Sei lá fiquei triste num primeiro momento, mas depois achei bonito...
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